Nunca gostei desse Negrinho, e depois de ele ter perdido a corrida, finalmente arranjei um jeito de livrar-me dele. Papai mandou o amarrarem pelos pelos pulsos e darem uma surra de relho por ter perdido a corrida e entrou em casa, mas continuei lá, assistindo tudo. Foi um momento reconfortante, pra falar a verdade. Negrinho me lançava um olhar de piedade, mas apenas sorri. Não faria nada para ajudar este...este...nem tenho uma palavra para descrevê-lo.
O maldito estava semi-consciente quando papai chegou, puxou-o até o alto da coxilha e falou "Trinta quadras era a distancia que você tinha que correr e perdeu. Trinta dias ficará cuidado da minha tropa de cavalos negros". Começou a chorar, enquanto os cavalos trotavam e pastavam.
Alguns dias depois, quando tudo estava mais calmo, decidi por em prática meu plano. Em uma madrugada, soltei os cavalos enquanto Negrinho dormia e imediatamente corri para casa, e assim, avisei papai que os mesmos haviam sumido. Enfurecido, correu até a coxilha e agarrou o adormecido pelo pescoço, dando-lhe um soco na face, fazendo com que acordasse. Por reflexo, deu um chute em meu pai, fazendo com que o mesmo caísse. Mais embravecido que antes, puxou Negrinho pelo braço, praticamente o arrastando até a beira do riacho, onde o atirou e o segurou debaixo d'água por alguns segundos, e então lhe fez levantar a cabeça, enquanto o xingava e o jogava novamente para a beira. Papai saiu sem dizer mais uma palavra, me deixando a sós com aquele ser. Não aguentava mais tanto drama por causa do miserável, então peguei-o pela camisa, joguei-o novamente na água e o afoguei. Ele imediatamente acordou, começou a se debater, mas nada adiantava, já que ele não estava forte o suficiente para me deter, pelo fato de ter passado dias sem comer. Percebi que depois de um tempo, ele simplesmente parou de lutar para respirar, então chequei sua respiração e ela simplesmente havia parado. O Negrinho estava morto. Finalmente me livrei desta praga.
Mas agora havia um problema: Onde depositar o corpo? Fiquei encarando o rosto do recém-morto por alguns momentos, até que pensei em um lugar perfeito: O grande formigueiro. Além de nunca ninguém ir até lá por medo de ser picado pelas venenosas formigas, mesmo se alguém aparecesse, o cadáver provavelmente já teria sido devorado pelas mesmas. Corri para casa e peguei uma enxada, voltei até onde Negrinho estava e arrastei-o até seu destino final.
Chegando lá, cavei um buraco na parte mais próxima do formigueiro e joguei o corpo dentro. Várias formigas adentraram na cova, provavelmente curiosas com o que poderiam encontrar. Comecei então a colocar terra por cima do morto, e por um momento pude jurar que vi seus olhos entreabertos, mas cheguei a conclusão de que era apenas paranoia.
Terminando a tarefa, peguei a enxada e me virei para ir embora, quando escuto uma voz parecida com a de Negrinho me chamando. Ignorei, pois ele estava morto, e eu devia estar muito cansado para ouvir essas coisas, mas novamente escutei a voz e decidi me virar, quando me deparei com espírito do escravo olhando diretamente para mim e sorrindo. Apavorado, gritei, o que pareceu divertir Negrinho. Quando consegui finalmente acalmar-me, tudo o que ele falou foi "vingança", todas as formigas vieram até mim, começaram a escalar meu corpo e me picar. Não pude fazer nada, já que estava paralisado de terror, e então, membro por membro, fui devorado pelas formigas.